Saúde mental em pacientes crônicos: impacto e cuidados
quarta-feira, 24 set 2025Saúde mental em pacientes crônicos: desafios e cuidados
O cuidado com a saúde mental em pacientes crônicos é algo que inspira cuidado. Afinal, evidências apontam que pacientes com doenças crônicas apresentam maior prevalência de transtornos como depressão e ansiedade, por exemplo, o que compromete o controle clínico, a adesão terapêutica e a qualidade de vida.1
Para se ter uma ideia, nos EUA, metade dos adultos com transtornos mentais apresenta pelo menos quatro doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs). As mais comuns são:2
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Hipertensão;
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Diabetes (tipo 2);
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Doenças cardiovasculares;
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Acidente vascular cerebral (AVC).
Pensando nisso, neste artigo vamos explicar mais sobre a relação entre saúde mental e doenças crônicas, falar sobre os sintomas emocionais mais comuns e mostrar quais estratégias de cuidado podem contribuir para mais equilíbrio e qualidade de vida, tanto para pacientes quanto para seus familiares. Boa leitura!
Qual a relação entre doenças crônicas e saúde mental?
As doenças mentais estão entre as doenças crônicas não transmissíveis que mais diretamente causam incapacidade e pioram a qualidade de vida, com grande impacto também para os familiares.3
Aliás, estudos indicam que a prevalência de depressão em pessoas com diabetes, por exemplo, é significativamente maior do que na população sem a condição.4 Isso mostra como saúde física e emocional estão profundamente conectadas.1
Além disso, vale ressaltar que essas condições podem exigir cuidados constantes, mudanças no estilo de vida e acompanhamento médico regular.5
Porém, com o tratamento adequado e uma rotina saudável, muitas pessoas vivem bem e com qualidade de vida.5
Principais impactos emocionais em pacientes crônicos
O diagnóstico de uma doença crônica pode ser um fator estressor que tende a acarretar comprometimentos não apenas físicos, mas também psicológicos e sociais. Alguns dos diversos sintomas que podem ser sentidos pelos pacientes são:6
Ansiedade
Os dados do estudo "Doenças crônicas: resiliência, depressão e ansiedade em usuários de um hospital universitário" mostraram que mais de um quarto dos participantes (27,42%) apresentava níveis moderados ou severos de ansiedade. Essa realidade é especialmente visível em algumas doenças crônicas.6
Entre pessoas com diabetes mellitus (DM), por exemplo, 33% relataram ansiedade moderada ou severa, o que tem relação com a necessidade de adaptação à nova rotina.6
No caso do lúpus eritematoso sistêmico (LES), o percentual foi ainda maior: cerca de 60% apresentaram ansiedade nesse nível.6
Além disso, estudos indicam que pessoas com alto grau de ansiedade têm até três vezes mais chances de desenvolver hipertensão arterial (HAS) do que aquelas sem esse quadro.6
Esses achados reforçam como a ansiedade pode se manifestar de diferentes formas e impactar diretamente a saúde de quem convive com doenças crônicas.
Depressão
A depressão também apareceu com frequência significativa no estudo, afetando 24,19% da amostra total em níveis moderados e severos. Entre pessoas com doença renal crônica (DRC), 31,6% relataram sintomas moderados e severos de depressão, em linha com estudos que apontam índices de até 68% em pacientes em tratamento dialítico.6
No caso do diabetes, a depressão pode inclusive aumentar o risco de desenvolvimento do DM tipo 2, razão pela qual a Sociedade Brasileira de Diabetes recomenda que esse diagnóstico seja realizado de forma contínua e precisa.6
Estresse e fadiga emocional
O estresse e a fadiga emocional também estão presentes na vida de quem convive com doenças crônicas. Em pessoas com diabetes, por exemplo, esses fatores estão relacionados à tentativa de adaptação a uma nova rotina.6
Já no caso do lúpus, a incerteza sobre a evolução da doença, que pode atingir múltiplos órgãos e impactar a capacidade laboral, gera angústia e sofrimento emocional.6
Diante desse cenário, a resiliência e o suporte social se mostram fundamentais: estudos apontam que eles ajudam os pacientes a lidar melhor com situações estressoras e favorecem o bem-estar psicológico.6
- Complemente a leitura com: Como a depressão e o estresse afetam o coração?
Como identificar sinais de alerta na saúde mental
A saúde mental comprometida nem sempre se manifesta de forma óbvia. Os primeiros sinais podem aparecer como um desconforto consigo mesmo, mesmo sem sintomas clássicos de ansiedade ou depressão. Alterações no ritmo alimentar, cansaço excessivo, exaustão ou a sensação de que "não vai dar conta" já podem ser indicativos de alerta.7
Além disso, é importante observar sinais mais diretamente ligados a doenças mentais. Entre eles, destacam-se sintomas de ansiedade, como a catastrofização - a sensação de que as coisas não vão dar certo - e sintomas depressivos, incluindo rebaixamento de humor, sentimentos de menos-valia e baixa autoestima.7
Reconhecer esses sinais precocemente é fundamental para buscar apoio e cuidado adequados, antes que o impacto sobre a vida cotidiana se torne mais intenso.7
Doenças crônicas: estratégias de cuidado e tratamento
O manejo eficaz de doenças crônicas exige uma atenção integrada, que combine saúde física e mental. O cuidado colaborativo é essencial para lidar com os desafios da multimorbidade (coexistência de duas ou mais doenças crônicas numa única pessoa), e estratégias como a atuação multiprofissional, a capacitação de profissionais da atenção primária e o fortalecimento das políticas públicas são fundamentais. Esses elementos contribuem para um tratamento integral, humanizado e eficaz, promovendo melhor qualidade de vida para os pacientes com doenças crônicas.1
Psicoterapia e acompanhamento psicológico
A psicoterapia e o acompanhamento psicológico desempenham um papel fundamental no cuidado de pacientes com doenças crônicas. Esses profissionais auxiliam na identificação precoce de sinais de sobrecarga emocional, no desenvolvimento de estratégias de autocuidado e gestão do estresse e na adaptação ao diagnóstico.8
Além disso, a psicoterapia contribui para a adesão ao tratamento, promove a autonomia na gestão da doença e oferece apoio aos cuidadores informais, ajudando a prevenir burnout e garantindo que os pacientes recebam um cuidado integral. Essas abordagens são essenciais para melhorar a qualidade de vida e enfrentar os desafios impostos pela multimorbidade.8
Apoio familiar e social
O apoio familiar e social é fundamental para o enfrentamento das doenças crônicas, isso porque a presença de uma rede de apoio sólida pode melhorar a adesão ao tratamento, reduzir o estresse e promover uma melhor qualidade de vida. Além disso, o apoio social contribui para a diminuição de sentimentos de isolamento e solidão, comuns entre os pacientes crônicos.9
Estilo de vida e autocuidado
O estilo de vida é um fator de grande relevância para a contribuição da incidência das doenças crônicas não transmissíveis. Inclusive, é possível citar o álcool e o tabagismo como dois fatores prejudiciais ao surgimento dessas doenças. Além disso, a falta de atividade física unida a má alimentação também contribui para o possível diagnóstico das patologias crônicas.10
A importância do acompanhamento multiprofissional
A crescente prevalência de doenças crônicas representa um desafio importante para a saúde pública. A gestão eficaz dessas condições requer uma abordagem multidisciplinar, envolvendo profissionais de saúde de diferentes áreas.11
A integração de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e nutricionistas promove um cuidado mais completo e centrado no paciente, resultando em melhores desfechos clínicos, maior adesão ao tratamento e melhoria na qualidade de vida.11
Além disso, é essencial que haja a colaboração contínua e a comunicação entre os profissionais para otimizar o cuidado a longo prazo.11
Cuidando da saúde mental de pacientes crônicos
Cuidar da saúde de forma integral, considerando tanto os aspectos físicos quanto emocionais, é essencial para garantir qualidade de vida. Buscar apoio especializado, adotar hábitos saudáveis e manter uma rede de suporte emocional são estratégias fundamentais para o manejo de doenças crônicas e para a preservação da saúde mental. Investir na saúde de forma consciente e contínua é um passo importante para alcançar bem-estar duradouro e uma vida mais equilibrada.5
Por que pacientes crônicos podem ter mais problemas de saúde mental?
Porque o diagnóstico de uma doença crônica pode ser um fator estressor que tende a acarretar comprometimentos não apenas físicos, mas também psicológicos e sociais, podendo causar ansiedade, depressão e fadiga emocional.6
Quais os principais sinais de depressão em pacientes crônicos?
Sintomas de ansiedade, como a catastrofização (sensação de que as coisas não vão dar certo) e sintomas depressivos, como rebaixamento de humor, sentimentos de menos-valia e baixa autoestima.7
Como familiares podem ajudar na saúde mental de quem tem doença crônica?
Os familiares podem ajudar cultivando espiritualidade, adaptando a rotina para dar suporte ao paciente e buscando também cuidar da própria saúde mental, já que sofrem tanto ou até mais que quem tem a doença crônica.12
Psicoterapia é indicada para pacientes crônicos?
Sim. A psicoterapia desempenha um papel fundamental no cuidado de pacientes com doenças crônicas.8 Além disso, vale lembrar que o tratamento das doenças crônicas não transmissíveis é multidisciplinar e deve contar com profissionais de saúde de diferentes áreas, como médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos e nutricionistas.11
O que fazer quando a doença crônica afeta a qualidade de vida emocional?
Existem algumas práticas que podem auxiliar, como:13
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Psicoterapia: ajuda a elaborar sentimentos, reduzir a ansiedade e fortalecer a autoestima.
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Grupos de apoio: ajudam a reduzir o isolamento e aumentar a sensação de pertencimento.
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Redes de acolhimento: familiares, amigos e profissionais de saúde que compreendem o impacto emocional da doença se tornam pilares de suporte.
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Atividades complementares: meditação, exercícios físicos adaptados e atividades criativas ajudam a reduzir o estresse e aumentar o bem-estar.13
BR-44638. Este material é de propriedade exclusiva da AstraZeneca Brasil. Material destinado ao público geral. Set/2025.
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