Ansiedade e refluxo gastroesofágico: qual a relação?
quarta-feira, 19 mai 2021Quem nunca sentiu um frio na barriga em um momento de ansiedade? Sejam positivas ou negativas, as emoções influenciam muito a nossa saúde física. Quando persistente, a ansiedade pode, sim, estar relacionada ao refluxo gastroesofágico e hoje vamos conversar um pouco mais sobre esse assunto.
Uma via de mão dupla
Dois estudos investigaram a relação entre distúrbios gastrointestinais funcionais e fatores psicológicos. (referências 1 e 2) E o curioso é que uma estreita relação foi estabelecida entre o cérebro e o trato gastrointestinal. Por exemplo, o estresse e as emoções podem afetar a função gastrointestinal, bem como a ocorrência de sintomas e até desenvolvimento de doenças. Da mesma forma, distúrbios gastrointestinais podem afetar o estado emocional de uma pessoa.
Fatores psicológicos podem influenciar a gravidade do refluxo gastroesofágico, afetando a percepção da dor. Além disso, quando fatores psicológicos acompanham essa condição, o tratamento pode ser um pouco mais desafiador. (referência 1)
Afinal, o que é ansiedade?
De acordo com artigo publicado no Jornal Brasileiro de Psiquiatria, ansiedade é um sentimento vago e desagradável de medo e apreensão, caracterizado por tensão ou desconforto derivado de antecipação de perigo, de algo desconhecido ou estranho.
Todo mundo já se sentiu ansioso e ainda vai se sentir muitas vezes ao logo da vida, mas, se a ansiedade é persistente, pode se tornar um problema. Ela passa a ser reconhecida como uma doença quando é exagerada, desproporcional em relação ao estímulo e interfere na qualidade de vida, o conforto emocional ou o desempenho diário da pessoa.
Ainda segundo o artigo, os chamados transtornos ansiosos são os quadros psiquiátricos mais comuns tanto em crianças quanto em adultos, com uma prevalência estimada durante o período de vida de 9% e 15% respectivamente.
Ansiedade e o refluxo gastroesofágico
É comum que a ansiedade se relacione com outros problemas, especialmente com o aparelho digestivo e o refluxo gastroesofágico, segundo a Sociedade Brasileira de Hérnia e Parede Abdominal.
Dores abdominais, má digestão, diarreia e azia são alguns dos incômodos que podem ser causados. Isso porque ela altera, por meio do sistema nervoso, a secreção do suco gástrico, a regulação de fatores ligados à mucosa do estômago e a percepção dos estímulos sensoriais gástricos. Isso pode causar alterações no sistema digestivo.
O refluxo gastroesofágico acontece, justamente, quando existe esse desequilíbrio entre os fatores que agridem e os que protegem a mucosa do esôfago. Em casos mais sepulturas, a ansiedade também pode ser um dos fatores que contribui para desencadear doenças mais graves como úlceras, gastrites, refluxo gastroesofágico e síndrome do intestino irritável.
Por que essa conexão acontece?
A parede do tubo gastrointestinal – que abrange parte do esôfago, estômago, intestino grosso e delgado – é cheia de fibras nervosas, neurônios e outras estruturas que formam o Sistema Nervoso Entérico (SNE).
Algumas das funções do SNE são o controle dos movimentos autônomos de alguns órgãos, controle da secreção de ácido gástrico, regulação do movimento de fluidos, renovação de tecidos e interação com os sistemas imune e endócrino dos intestinos.
Além disso, no Sistema Nervoso Entérico, as células nervosas intrínsecas (presentes na parede no trato gastrointestinal) se conectam a células nervosas extrínsecas (vindas do Sistema Nervoso Central (SNC) e formam uma rica ligação entre o SNE e o SNC, mantendo um fluxo de informações.
O SNE é tão complexo que é conhecido popularmente como “o segundo cérebro”. Agora deu para perceber por que essa relação entre a nossa saúde mental e saúde física estão tão interligadas, não é?
Entretanto, é importante lembrar que a ansiedade é apenas um dos fatores que podem influenciar ou agravar ou gerar um quadro de refluxo gastroesofágico, mas não é o único. Veja outros fatores de risco:
- Hérnia do hiato;
- Obesidade;
- Gravidez ou tratamento com estrogênios;
- Tabagismo;
- Diabetes;
- Diminuição da saliva – A saliva tem um pH alcalino que ajuda a neutralizar e a limpar o ácido do esófago, reduzindo a probabilidade de haver inflamação da mucosa provocada pelo ácido;
- Doenças do tecido conjuntivo e doenças que aumentem a secreção de ácido no estômago.
- Alguns alimentos como gordura, o chocolate, a pimenta, os derivados do tomate, a cafeína e o álcool provocam relaxamento do esfíncter esofágico inferior, podendo contribuir para a ocorrência de refluxo.
Agora já sabe, né? Respire fundo e cuide da sua saúde mental. Junto a outros hábitos saudáveis, isso pode ajudar a prevenir ou até mesmo contribuir para o seu tratamento de refluxo gastroesofágico.
Se você estiver sofrendo com ansiedade ou refluxo gastroesofágico, procure a ajuda de um médico. Ele poderá ajudar com o melhor tratamento indicado para o seu caso e até mesmo direcioná-lo para um especialista.
Acesse a campanha “Siga o Fluxo”: https://bit.ly/siga-o-fluxo-fazbem, uma iniciativa do FazBem e da AstraZeneca para você ficar mais informado sobre o refluxo e estar mais no controle da sua saúde e bem-estar.
Referências:
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Van Oudenhove L, Crowell MD, Drossman DA, et al. Biopsychosocial aspects of functional gastrointestinal disorders. Gastroenterology 2016;150:1355-1367, e2.
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Lee SP, Sung IK, Kim JH, Lee SY, Park HS, Shim CS. The effect of emotional stress and depression on the prevalence of digestive diseases. J Neurogastroenterol Motil 2015;21:273-282.
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FURNESS, J. B. The enteric nervous system. Blackwell Publishing, 2006.
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FURNESS, J. B. The enteric nervous system and neurogastroenterology. Nature Reviews Gastroenterology and Hepatology, v. 9, n. 5, p. 286-294, 2012.
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OLIVEIRA, T. C. C. et al. Neurogênese e as inter-relações entre SNE e SNC. Arquivos do MUDI,v. 23, n. 3, p. 359-370, 2019.
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https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462000000600006
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http://www.jnmjournal.org/journal/view.html?doi=10.5056/jnm18069
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http://www.blog.saude.gov.br/index.php/promocao-da-saude/53566-o-que-e-a-gastrite-nervosa
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https://psiquiatriapaulista.com.br/problemas-comuns-causados-pela-ansiedade/