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A relação entre o anticoncepcional e o câncer de ovário

Você já ouviu falar que tomar anticoncepcional pode causar ou prevenir algum tipo de câncer? A dúvida de continuar utilizando contraceptivos orais ou não é muito comum entre as mulheres justamente por esse tipo de informação e, principalmente, em relação ao câncer de ovário.

A verdade é que ainda não há uma resposta muito clara para essa dúvida porque ela pode depender de diversos fatores.

O câncer de ovário é um dos cânceres mais comuns em todo o mundo e a sétima causa de morte em mulheres. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa no Brasil, só no ano de 2020 foi de 6.650 novos casos (14).

A boa notícia é que diversas pesquisas têm sido feitas para entender melhor as causas e possíveis tratamentos para esse tipo de câncer.

Hoje, vamos conversar um pouco mais sobre a relação entre o anticoncepcional e o câncer de ovário para que você esteja segura e preparada para conversar com o seu médico e entender qual é a melhor opção para o seu caso.

O que são anticoncepcionais orais?

Os anticoncepcionais orais ou pílulas anticoncepcionais são medicamentos que têm hormônios e que são tomados por via oral. Sua principal função é prevenir a gravidez, inibindo a ovulação e impedindo que os espermatozoides penetrem no colo do útero (1,2).

Existem dois tipos de contraceptivo oral. Um deles é composto por versões sintéticas dos hormônios naturais femininos estrogênio e progesterona. Outro tipo de anticoncepcional contém apenas uma versão artificial da progesterona. (1,2).

O que se sabe sobre a relação entre o uso de anticoncepcionais orais e o câncer?

Muitas pesquisas sobre a relação entre os anticoncepcionais orais e o risco de câncer forneceram evidências consistentes de que os riscos de câncer endometrial, ovariano e colorretal são reduzidos em mulheres que usam anticoncepcionais orais, enquanto os riscos de câncer de mama e cervical aumentam (1-3).

Câncer de ovário

De acordo com alguns estudos, mulheres que já usaram anticoncepcionais orais têm um risco 30% a 50% menor de ter câncer de ovário do que mulheres que nunca usaram (5–7).

Verificou-se, ainda, que essa proteção aumenta com o tempo de uso dos anticoncepcionais orais (4) e continua por até 30 anos após a mulher parar de usar anticoncepcionais orais (6).

Uma redução no risco de câncer de ovário com o uso de anticoncepcionais orais também é observada entre as mulheres que carregam uma mutação patogênica no gene BRCA1 ou BRCA2 (8–10).

A mulher portadora de mutações BRCA tem 45-85% de chance de desenvolver câncer de mama até os 70 anos. Existe, também, uma maior chance de desenvolvimento de câncer de ovário que pode subir para 20-25% para a mutação do gene BRCA2 ou de 40-45% para mutação do gene BRCA1.

De acordo com a American Cancer Society, o uso de pílulas anticoncepcionais diminui o risco de desenvolver câncer de ovário para mulheres de risco médio e portadoras da mutação BRCA, especialmente entre as mulheres que os usam há vários anos. (12)

Apesar de os contraceptivos orais parecerem, também, reduzir o risco para mulheres com mutações BRCA1 e BRCA2 para o câncer de ovário, estudos também mostraram que esse mesmo medicamento pode aumentar o risco de câncer de mama em mulheres sem estas mutações.

No geral, é importante lembrar que as pílulas anticoncepcionais apresentam alguns riscos e efeitos colaterais.

É preciso mencionar que a relação entre uso de anticoncepcionais para mulheres com alto risco de câncer de ovário e câncer de mama ainda não está completamente clara e são necessários mais estudos.

Por isso, nunca comece a tomar, pare ou troque o seu anticoncepcional sem a orientação de um médico, ok?

Como prevenir o câncer de ovário?

Ficar atenta aos fatores de risco do câncer de ovário, pode te ajudar a preveni-lo.

- Idade - metade das mulheres diagnosticadas estão acima de 63;

- Histórico familiar - mulheres de famílias com o histórico da doença, principalmente se forem de primeiro grau: mãe, filha ou irmã;

- Peso corporal - mulheres obesas possuem maior risco de desenvolver câncer nos ovários;

A mudança no estilo de vida, melhorando a alimentação e a inserção de atividades físicas na rotina, previne não só o câncer de ovários como vários outros tipos de câncer.

É essencial que todas as mulheres façam acompanhamento ginecológico com um médico especialista e realize exames periodicamente, principalmente se a sua idade for superior a 50 anos ou se você tem um ou mais fatores de risco. Lembre-se que um diagnóstico precoce pode salvar a sua vida!

Se você está preocupada com o risco de desenvolver câncer de ovário, converse com seu médico. Ele pode ajudar você a considerar diferentes possibilidades de prevenção e escolher a que é mais compatível com a sua realidade.

 

 

 

 

Referências:
  1. Burkman R, Schlesselman JJ, Zieman M. Safety concerns and health benefits associated with oral contraception. American Journal of Obstetrics and Gynecology2004; 190(4 Suppl):S5–22.
 [PubMed Abstract]
  1. Bassuk SS, Manson JE. Oral contraceptives and menopausal hormone therapy: relative and attributable risks of cardiovascular disease, cancer, and other health outcomes.Annals of Epidemiology 2015; 25(3):193-200
 [PubMed Abstract]
  1. Wentzensen N, Berrington de Gonzalez A. The Pill's gestation: from birth control to cancer prevention. Lancet Oncology2015; 16(9):1004-6. doi: 10.1016/S1470-2045(15)00211-9Exit Disclaimer
  2. Michels KA, Pfeiffer RM, Brinton LA, Trabert B. Modification of the associations between duration of oral contraceptive use and ovarian, endometrial, breast, and colorectal cancers. JAMA Oncology2018; doi:1001/jamaoncol.2017.4942Exit Disclaimer.
 [PubMed Abstract]
  1. IARC Working Group on the Evaluation of Carcinogenic Risks to Humans. Pharmaceuticals. Combined estrogen-progestogen contraceptivesExit DisclaimerIARC Monographs on the Evaluation of Carcinogenic Risks to Humans2012; 100A:283-311.
  2. Havrilesky LJ, Moorman PG, Lowery WJ, et al. Oral contraceptive pills as primary prevention for ovarian cancer: a systematic review and meta-analysis. Obstetrics and Gynecology2013; 122(1):139-147.
 [PubMed Abstract]
  1. Wentzensen N, Poole EM, Trabert B, et al. Ovarian cancer risk factors by histologic subtype: An analysis from the Ovarian Cancer Cohort Consortium. Journal of Clinical Oncology2016; 34(24):2888-2898.
 [PubMed Abstract]
  1. Iodice S, Barile M, Rotmensz N, et al. Oral contraceptive use and breast or ovarian cancer risk in BRCA1/2 carriers: a meta-analysis. European Journal of Cancer2010; 46(12):2275-2284.
 [PubMed Abstract]
  1. Moorman PG, Havrilesky LJ, Gierisch JM, et al. Oral contraceptives and risk of ovarian cancer and breast cancer among high-risk women: a systematic review and meta-analysis. Journal of Clinical Oncology2013; 31(33):4188-4198.
 [PubMed Abstract]
  1. Friebel TM, Domchek SM, Rebbeck TR. Modifiers of cancer risk in BRCA1 and BRCA2 mutation carriers: systematic review and meta-analysis. Journal of the National Cancer Institute2014; 106(6):dju091.
               [PubMed Abstract] 
  1. https://www.cancer.gov/about-cancer/causes-prevention/risk/hormones/oral-contraceptives-fact-sheet#:~:text=Ovarian%20cancer%3A%20Women%20who%20have,contraceptives%20(16%E2%80%9318).
  2. https://www.cancer.org/cancer/ovarian-cancer/causes-risks-prevention/prevention.html
  3. http://www.oncoguia.org.br/conteudo/como-prevenir-o-cancer-de-ovario/10926/1126/#:~:text=Contraceptivos%20orais,que%20nunca%20usaram%20contraceptivos%20orais.
  4. https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-ovario
  5. https://www.bp.org.br/centros-de-especialidades/oncologia/doencas/cancer-do-ovario
  6. https://www.hospitalsiriolibanes.org.br/hospital/especialidades/centro-oncologia/ovario/Paginas/diagnosticos.aspx
  7. http://www.oncoguia.org.br

BR-11808. Material destinado a pacientes. Mar/21