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Musicoterapia e a saúde do coração: qual é o ritmo que seu coração mais gosta?

Quem nunca estava ser sentindo meio para baixo e, ao ouvir uma música que gosta muito, melhorou o humor e sentiu como se fosse uma recarga de energia? Ou então sentiu como se a batida daquela música se encaixasse perfeitamente com o ritmo do seu coração?

Que ouvir nossa música preferida é uma delícia a gente já sabe, mas será que esse hábito pode afetar, também, a sua saúde?

Hoje, vamos contar para você um pouco mais sobre essa relação e discutir os resultados dos estudos que têm sido realizados sobre os efeitos da música na saúde do coração.

Vamos falar de música?

A música é um estímulo poderoso para evocar e modular emoções e humores. Além disso, ela também está associada a mudanças de atividade em estruturas cerebrais conhecidas por modular a atividade cardíaca, como hipotálamo, amígdala, córtex insular e córtex orbitofrontal.

Entretanto, é importante destacar que, quando falamos “música”, estamos nos referindo a um leque muito amplo de variedades de gêneros e estilos musicais.

Por exemplo, você pode gostar mais de rock, enquanto seu pai gosta mais de samba e seu amigo prefere pop. Apesar de diferentes estilos, todos eles estão dentro do mesmo guarda-chuva da música.

Estudos divulgados no European Heart Journal não especificaram claramente o estilo particular de música usado, por isso, não é de se admirar que eles tenham apontado uma variedade de diferentes efeitos fisiológicos, dada a grande variedade de estímulos musicais.

Efeitos da música em pessoas com doenças cardiovasculares

Estima-se que as doenças cardiovasculares sejam a principal causa de morte em todo o mundo de acordo com um estudo publicado na revista científica The Lancet.

Uma pesquisa divulgada no European Heart Journal revisou diversos estudos sobre a música e a saúde, além dos efeitos que a música pode ter no coração de quem sofre de doenças cardiovasculares. Reunimos, aqui, alguns deles que podem ser interessantes:

Ansiedade

Pessoas com doenças cardíacas podem acabar sofrendo com o diagnóstico, possíveis hospitalizações, procedimentos cirúrgicos, incertezas, dúvidas sobre o progresso na recuperação, sentimento de impotência e perda de controle.

Nesse sentido, o tratamento e os cuidados devem levar em consideração as necessidades fisiológicas e psicológicas. Intervenções musicais têm sido usadas para reduzir a ansiedade e o sofrimento e melhorar o funcionamento fisiológico em pacientes.

A redução da ansiedade com a música é um achado relativamente consistente. Em alguns casos, foi demonstrado que a música reduziu a ansiedade em pacientes com doença coronariana, ventilados mecanicamente, com câncer e aguardando procedimentos cirúrgicos.

Com base nisso, os cientistas concluíram que as músicas podem ajudar no tratamento para reduzir a ansiedade.

Os efeitos de redução da ansiedade parecem ser maiores quando as pessoas podem escolher qual música ouvir.  Afinal, ouvir uma música que você não gosta pode ser irritante, não é?

O que é relevante para quem tem problemas cardíacos é que a redução da ansiedade também está associada a uma redução da frequência cardíaca e da pressão arterial.

Pressão arterial

Como comentamos no item acima, os efeitos de redução da ansiedade também estão associados a (pequenas) reduções na pressão arterial. Inclusive, a música tem sido usada em pacientes hipertensos para auxiliar na redução da pressão, orientando a respiração lenta e regular, reduzindo, também, a frequência respiratória.

Dor

Os estudos -  European Heart Journal  - também observaram os efeitos da música no auxílio da redução da dor. Esse efeito, provavelmente acontece devido aos efeitos da música nos mecanismos do cérebro.

Depressão

Está bem estabelecido que a depressão e as doenças cardiovasculares (DCVs) estão relacionadas. A depressão aumenta o risco de doenças cardiovasculares em 1,5 – 2 vezes em indivíduos fisicamente saudáveis.

Correspondentemente, a depressão também é comum em pessoas que convivem com doenças cardiovasculares, como acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca, fibrilação atrial e infarto do miocárdio.

Estudos (European Heart Journal) demonstraram que a música pode ativar o sistema de recompensa e, por isso, pode ser útil no auxílio do tratamento da depressão e de doenças cardiovasculares associadas à depressão.

Para você entender melhor como isso funciona, é importante saber que o sistema de recompensa do cérebro determina algumas zonas desse órgão cujos neurônios têm numerosos receptores para o neurotransmissor dopamina, conhecida como “a molécula do prazer”. E esse sentimento de prazer é uma das principais forças que nos faz agir. Sem ele, não teríamos motivação nem para levantar da cama todos os dias.

Ainda assim, o uso musicoterapia no tratamento da depressão, mesmo mostrando alguns benefícios, ainda exige mais pesquisas, em particular no que diz respeito às doenças cardiovasculares relacionadas à depressão.

O que podemos entender de tudo isso?

A música é, potencialmente, um auxílio para intervenção e terapia. No entanto, apesar de se mostrar bastante promissor, os estudos sobre os efeitos da música sobre o coração ainda necessitam de mais tempo para maiores conclusões.

É claro que ouvir uma boa música sempre vai ser uma experiência boa, mas isso não deve substituir nenhum tratamento indicado pelo seu médico, ok? Sempre converse com ele sobre as suas opções e tire suas dúvidas sobre como é possível complementar o tratamento sem prejudicá-lo.

O fato é que você não escolheu ter uma doença cardiovascular, mas pode escolher como vai lidar com ela, como jogar esse jogo para ter uma vida melhor.

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Referências: 
  1. https://academic.oup.com/eurheartj/article/36/44/3043/2293535
  2. https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(04)17018-9/fulltext
  3. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/24374731/
  4. https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD006577.pub3/full
  5. https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(05)66910-3/fulltext
  6. https://ufsj.edu.br/rodavida/sistema_de_recompensa_cerebral.php
BR-14176. Material destinado a pacientes. Ago/2021

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